sexta-feira, 24 de junho de 2016

QUANDO UMA FITA K7 RELEMBRA UMA VIDA



Algumas coisas são marcantes em certos momentos de  nossas vidas, mas com o passar do tempo, elas passam a ser apenas resquícios de nossos sonhos de outrora. Poder lembrar dos sonhos não realizados  trazem uma nostalgia imensa e isso me faz lembrar Fernando Pessoa:
“O tempo em que eu hei sonhado
Quantos anos foi de vida”
( in “Andaime”)

poeta Mário Neves


Nestes dias pude perceber o quanto um sonho bom, mas não realizado, pode marcar uma vida, principalmente quando sabemos que o sonho não se tornou real por circunstâncias da vida. O talento não morre e em muitas pessoas ele existe há muito tempo. E é justamente sobre o talento “desconhecido” de um grande poeta, de seus sonhos e da possibilidade que eu tive em reavivar tais sonhos em tal escritor.
Em uma simples fita K7, que não mais se fabrica ou se comercializa, pude entender e me deliciar com o lado compositor de Mário Neves, poeta dos baitas da Zona Leste no auge dos seus 74 anos e que já nos chamava a atenção não somente pela qualidade de sua escrita, mas sim pela força em suas declamações. Em uma simples fita K7 pude conhecer o lado compositor do jovem “Ismar Neves”, nome artístico que Mário usava aos vinte e poucos anos, quando sonhava em ser reconhecido por suas canções.
O tempo passou e o sonho teve de ser posto de lado, por situações familiares que hoje não importam. Mas em uma simples fita K7, estava a memória do que o compositor fez. Guardada por mais de trinta anos (e em estado impecável), pude “surrupiar” a fita, com o consentimento do dono e, com algumas dificuldades em se conseguir um aparelho para reproduzir a fita, pude ouvir as canções e as digitalizei. O tempo não mais apagará o registro. Escutei todas as canções e confesso que me encantei pelos versos ali contidos e como um fã, escutei algumas delas tentando sorver a poética, os sentimentos e a história de vida que a fita pode preservar.
cd com as músicas digitalizadas
Busquei entender como versos simples, de poucas palavras podiam trazer tanto significado às canções. Versos como: “Vem dar vida à minha vida”, ou “E vou buscar você só para mim”, contidos em canções diferentes, mas tão ricos de sentimento.
Entendo que o jovem não conseguiu realizar seu sonho, não por falta de talento, mas sim devido às viradas que a vida dá. E vejo que hoje sou um admirador da poética dele, desde antes de eu nascer ( a maioria das canções foram compostas antes de eu vir ao mundo).
Parabéns ao poeta Mário Neves, de quem hoje sou mais fã, por todas as suas canções, de antes de mim.

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