Algumas coisas são marcantes em certos
momentos de nossas vidas, mas com o passar
do tempo, elas passam a ser apenas resquícios de nossos sonhos de outrora. Poder
lembrar dos sonhos não realizados trazem
uma nostalgia imensa e isso me faz lembrar Fernando Pessoa:
“O tempo em que eu
hei sonhado
Quantos anos foi de
vida”
( in “Andaime”)
poeta Mário Neves |
Nestes dias pude perceber o
quanto um sonho bom, mas não realizado, pode marcar uma vida, principalmente
quando sabemos que o sonho não se tornou real por circunstâncias da vida. O
talento não morre e em muitas pessoas ele existe há muito tempo. E é justamente
sobre o talento “desconhecido” de um grande poeta, de seus sonhos e da
possibilidade que eu tive em reavivar tais sonhos em tal escritor.
Em uma simples fita K7, que não
mais se fabrica ou se comercializa, pude entender e me deliciar com o lado
compositor de Mário Neves, poeta dos baitas da Zona Leste no auge dos seus 74
anos e que já nos chamava a atenção não somente pela qualidade de sua escrita,
mas sim pela força em suas declamações. Em uma simples fita K7 pude conhecer o
lado compositor do jovem “Ismar Neves”, nome artístico que Mário usava aos
vinte e poucos anos, quando sonhava em ser reconhecido por suas canções.
O tempo passou e o sonho teve de
ser posto de lado, por situações familiares que hoje não importam. Mas em uma
simples fita K7, estava a memória do que o compositor fez. Guardada por mais de
trinta anos (e em estado impecável), pude “surrupiar” a fita, com o
consentimento do dono e, com algumas dificuldades em se conseguir um aparelho
para reproduzir a fita, pude ouvir as canções e as digitalizei. O tempo não mais apagará o registro. Escutei
todas as canções e confesso que me encantei pelos versos ali contidos e como um
fã, escutei algumas delas tentando sorver a poética, os sentimentos e a
história de vida que a fita pode preservar.
cd com as músicas digitalizadas |
Busquei entender como versos
simples, de poucas palavras podiam trazer tanto significado às canções. Versos
como: “Vem dar vida à minha vida”, ou “E vou buscar você só para mim”, contidos
em canções diferentes, mas tão ricos de sentimento.
Entendo que o jovem não conseguiu
realizar seu sonho, não por falta de talento, mas sim devido às viradas que a
vida dá. E vejo que hoje sou um admirador da poética dele, desde antes de eu
nascer ( a maioria das canções foram compostas antes de eu vir ao mundo).
Parabéns ao poeta Mário Neves, de
quem hoje sou mais fã, por todas as suas canções, de antes de mim.
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