Arte de Luka Magalhães com sujeiras visuais de Escobar Franelas |
2 textos de Rosinha Morais
(1)
Sob camadas de tantos anseios
Vislumbro um pequeno veio
Desbravo matas
Atravesso desertos
Subo montanhas
Desço abismos
Adentro cavernas
Apenas para colher
Aquilo que sem saber
Tornou-se fonte da minha alegria
Desbasto tristezas
Invento certezas
Crio sonhos em relevos
Cravejados de fantasia
Furto o brilho do diamante
As cores das pedrarias
A transparência do cristal
Moldo
Esculpo
Dou forma à beleza
Até obter a flor mais rara
A joia mais cara
O bem mais preciso
O teu sorriso.
*Depois dos comentários durante o processo de leitura na roda, veio este:
(2)
Sob camadas de anseios
Vislumbro um pequeno veio
Desbravo matas
Atravesso desertos
Subo montanhas
Desço abismos
Adentro cavernas
Apenas para colher
Aquilo que sem saber
Tornou-se minha fonte
Desbasto tristezas
Invento certezas
Crio sonhos em relevos
Cravejados de fantasia
Furto o brilho do diamante
As cores das pedrarias
A transparência do cristal
Moldo
Esculpo
Dou forma à beleza
Até obter a flor mais rara
A joia mais cara
O bem mais precioso...
Rosinha Morais
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1 texto de Daniel Carvalho
Virtudes
Certamente, um dos anéis
mais lindos que já vi;
em sua delicada mão
criou ainda mais brilho e valor
o colar, os brincos
aumentavam sua vivacidade
Impossível não olhar para aquela mulher repleta de riquezas
e seu anel cheio de virtudes
olhar coberto de incertezas
joias cheias de fulgor
Mas quem é o autor de tão formosa construção?
a moça faz parte da obra
o joalheiro a coloca em exposição
e o ourives da forma e desforma a beleza que já existe
O encanto das joias nasce
das rochas tristes
em jazidas que choram
nasce em algum lugar distante,
na África,
em que não há escolas, nem hospitais
onde pobres mineiros
são artistas de vida amarga
que valem menos suas obras
que não aprenderam a ler,
nem foram lidos por nós!
Tilinta o martelo que fere a rocha...
Tilinta a moeda que fere a dignidade...
O preço do belo custa notas de humanidade
Pagamos tão caro para sermos belo
Pagamos caro para nos tornarmos tão feios
Daniel Carvalho
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6 textos de Inês Santos
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2 textos de Escobar Franelas
Canção clara
Basta uma única manhã
úmida do sol de outono
uma manhã preguiçosa
estirada sobre o cavalete
estourada em cores e sabores
ou numa canção de caetano.
Basta este clarão
esse ás tirado à sorte
essa primavera que se ameaça
essa sinfonia em sol maior
(com nona aumentada)
esse ar marinho embraigante.
Basta isso
e verão
que o inverno
são os outros.
*Após as considerações da banca, o 12º verso foi trocado de lugar.
Canção clara
Basta uma única manhã
úmida do sol de outono
uma manhã preguiçosa
estirada sobre o cavalete
estourada em cores e sabores
ou numa canção de caetano.
Basta esse clarão
esse ás tirado à sorte
essa primavera que se ameaça
esse ar marinho embriagante
essa sinfonia em sol maior
(com nona aumentada).
Basta isso
e verão
que o inverno
são os outros.
Escobar Franelas
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3 textos de Sueli Kimura
Haikai - variações do mesmo tema (ourives)
Pingente baila
no colo confunde-se
com as lágrimas
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Pingente baila
delicado como a
lágrima que cai
- *-*-*-*-*-
No choro sentido
pingente e lágrimas
bailam, fundem-se
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1 texto de Armando Oshiro
Serás sempre o que te quero
As palavras que nascem da vida
Como soubessem do eterno
Nos misturam numa trama
Dos teus versos trançam laços
Num segredo do tempo
Esse temor de amar que se agiganta
Nos faz causa e mistério
Sem nos ver na profunda escuridão
O amor mergulha
Se divide em nossas vidas
As almas tocam entre o sermos
Trocam os corpos na existência
Nos faz onde o desejo sussurra
A causa dos arrepios
Se derrama incontida sobre o sonho
Valha-me ser em teus caminhos
Os caminhos que te encontram
Onde ecoam minhas preces
Entre a febre e o frio
Enquanto restar-me os arrepios
Restar-me ser mesmo não tendo
Mesmo enquanto não me queiras
Serás sempre o que te quero
E por querer-te mais ainda
Mesmo quando não te queiras
Mais ainda vou querer-te
Serás sempre o que te quero
Armando Oshiro
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