quarta-feira, 24 de junho de 2015

XXXV Sarau da Casa Amarela



foto Altemira Rodrigues

Nas palavras de Mario Neves
Parecia miragem, mas foi real. Vejam a foto, parece impossível que um bando de artistas deste possa ter galgado o palco da Casa Amarela, em pouco mais de quatro horas de uma tarde-noite de domingo para apresentar a sua arte poética e musical.

Estão todos de parabéns, pela presença, pela amizade, e por suas apresentações. Mas tem algo que precisa ser dito que foi marcante e natural neste encontro poético, foi a manifestação espontânea da ala feminina, logo chamadas de “peroletes”, que acenando os braços aclamavam e pediam bis ao extraordinário cantor Perola Negra.

Sim parecia irreal, mas aconteceu e eu estava lá. 

Na cidade havia um grande evento, a já tradicional Virada Cultural, mas na Casa Amarela teve uma revira-vira virada cultural que nada ficou a dever e que com alegria e orgulho eu pude participar.# Se não falei tudo, falei o que pude.
Mario Neves


















Nas palavras de Silvia Maria Ribeiro
No Sarau A Casa Amarela - Espaço Cultural, 35º ontem, Ademir Assunção, Francis Gomes, Eder Lima. Ligia Regina,João Caetano Do Nascimento,Gilberto Braz, Enide Santos, Escobar Franelas, Luka Magalhaes, Euflávio,Jose Pessoa, Punky Além da Lenda, Edvaldo Santana, Joaquim Lima,Francisco Americo,Beto Rios, Edinho Twin, Mario Neves, as "filhas" do Padre Grilo e o precioso, mais que querido, Valdomiro Ferreira, o Pérola Negra, promoveram um delírio coletivo! Santo-daime o quê? Foi a poesia, a alegria, a energia,e a amizade! Vida que segue mais enriquecida a cada encontro. Viva!
Rosinha Morais, Sueli Kimura, Akira Yamasaki, Inês Santos, Tereza Por Tereza Magalhaes, Joel Dias Filho, Janete Braga Od Larama, Wagninho Barbosa...
Coreografia: Peroletes! 

Silvia Maria Ribeiro


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Inéditos & Inacabados - roda de criação literária "Ourives" (29/05/2015)

Arte de Luka Magalhães com sujeiras visuais de Escobar Franelas


2 textos de Rosinha Morais

(1)
Sob camadas de tantos anseios
Vislumbro um pequeno veio
Desbravo matas 
Atravesso desertos
Subo montanhas
Desço abismos
Adentro cavernas
Apenas para colher
Aquilo que sem saber
Tornou-se fonte da minha alegria
Desbasto tristezas
Invento certezas
Crio sonhos em relevos
Cravejados de fantasia
Furto o brilho do diamante
As cores das pedrarias
A transparência do cristal
Moldo
Esculpo
Dou forma à beleza
Até obter a flor mais rara
A joia mais cara
O bem mais preciso
O teu sorriso.

*Depois dos comentários durante o processo de leitura na roda, veio este:

(2)
Sob camadas de anseios
Vislumbro um pequeno veio
Desbravo matas 
Atravesso desertos
Subo montanhas
Desço abismos
Adentro cavernas
Apenas para colher
Aquilo que sem saber
Tornou-se minha fonte
Desbasto tristezas
Invento certezas
Crio sonhos em relevos
Cravejados de fantasia
Furto o brilho do diamante
As cores das pedrarias
A transparência do cristal
Moldo
Esculpo
Dou forma à beleza
Até obter a flor mais rara
A joia mais cara
O bem mais precioso...

Rosinha Morais

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1 texto de Daniel Carvalho

Virtudes
Certamente, um dos anéis

mais lindos que já vi;
em sua delicada mão
criou ainda mais brilho e valor

o colar, os brincos
aumentavam sua vivacidade

Impossível não olhar para aquela mulher repleta de riquezas
e seu anel cheio de virtudes

olhar coberto de incertezas
joias cheias de fulgor

Mas quem é o autor de tão formosa construção?
a moça faz parte da obra
o joalheiro a coloca em exposição
e o ourives da forma e desforma a beleza que já existe

O encanto das joias nasce
das rochas tristes
em jazidas que choram

nasce em algum lugar distante,
na África,
em que não há escolas, nem hospitais
onde pobres mineiros 
são artistas de vida amarga
que valem menos suas obras
que não aprenderam a ler,
nem foram lidos por nós!

Tilinta o martelo que fere a rocha...
Tilinta a moeda que fere a dignidade...
O preço do belo custa notas de humanidade
Pagamos tão caro para sermos belo
Pagamos caro para nos tornarmos tão feios

Daniel Carvalho
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6 textos de Inês Santos





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2 textos de Escobar Franelas

Canção clara
Basta uma única manhã
úmida do sol de outono
uma manhã preguiçosa
estirada sobre o cavalete
estourada em cores e sabores
ou numa canção de caetano.

Basta este clarão
esse ás tirado à sorte
essa primavera que se ameaça
essa sinfonia em sol maior
(com nona aumentada)
esse ar marinho embraigante.

Basta isso
e verão
que o inverno
são os outros.


*Após as considerações da banca, o 12º verso foi trocado de lugar.

Canção clara
Basta uma única manhã
úmida do sol de outono
uma manhã preguiçosa
estirada sobre o cavalete
estourada em cores e sabores
ou numa canção de caetano.

Basta esse clarão
esse ás tirado à sorte
essa primavera que se ameaça
esse ar marinho embriagante
essa sinfonia em sol maior
(com nona aumentada).

Basta isso
e verão
que o inverno
são os outros.

Escobar Franelas

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3 textos de Sueli Kimura

Haikai - variações do mesmo tema (ourives)
Pingente baila 
no colo confunde-se 
com as lágrimas 

- *-*-*-*-*-

Pingente baila
delicado como a
lágrima que cai

- *-*-*-*-*-

No choro sentido
pingente e lágrimas

bailam, fundem-se

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1 texto de Armando Oshiro



Serás sempre o que te quero
As palavras que nascem da vida
Como soubessem do eterno
Nos misturam numa trama
Dos teus versos trançam laços
Num segredo do tempo

Esse temor de amar que se agiganta
Nos faz causa e mistério
Sem nos ver na profunda escuridão
O amor mergulha
Se divide em nossas vidas

As almas tocam entre o sermos
Trocam os corpos na existência
Nos faz onde o desejo sussurra 
A causa dos arrepios
Se derrama incontida sobre o sonho

Valha-me ser em teus caminhos
Os caminhos que te encontram
Onde ecoam minhas preces
Entre a febre e o frio
Enquanto restar-me os arrepios

Restar-me ser mesmo não tendo
Mesmo enquanto não me queiras
Serás sempre o que te quero
E por querer-te mais ainda
Mesmo quando não te queiras

Mais ainda vou querer-te
Serás sempre o que te quero

Armando Oshiro

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terça-feira, 2 de junho de 2015

II encontro Inéditos e Inacabados - Resenha de Rosinha Morais



A segunda edição do projeto Inéditos & Inacabados, da Casa Amarela, além de manter o nível de qualidade que apresentou na primeira edição, com textos que vinham tão completos que não cabia nenhuma modificação ou comentário, que fez os presentes viajarem por universos mais complexos, como o da música, as palavras ganharam nuances de notas musicais, não na escala simples, mas a mais complexa, com Daniel e Sacha Arcanjo nos dando uma aula entre uma leitura e outra.
A novidade ficou por conta da presença do Punky Além da Lenda e sua exposição que continua acontecendo, com toda a intensidade de sua poesia visual que enche os olhos dos que tem o prazer de observá-la, nas mais diferentes facetas do artista, que nos contou como algumas foram realizadas.
Vieram as surpresas, a primeira por conta da Sueli Kimura que surpreendeu a todos com seus HaiKais, que segundo ela, era apenas uma tentativa. E que tentativa, conseguiu arrancar elogios de todos que ali estavam, com a qualidade e comprometimento. Em seguida, foi a vez da Inês, que ao contrário de outros, não teve dificuldade alguma para trabalhar com o tema e nos levou não apenas um, mas vários poemas. Escobar Franelas mais uma vez sacou sua poesia inquietante. Daniel além dos conhecimentos musicais, surpreendeu a todos com a poesia e a humildade.
Como surpresa é algo inerente à Casa Amarela, chegou o Armando, atrasado e ofegante depois da aventura de atravessar São Paulo, da divisa de Diadema até São Miguel Paulista e que junto com sua longa história de vida, apresentou sua poesia surpreendente. Teve o Mário Neves com a certeza que o poema que ia nos apresentar não era de sua autoria, mas de algum espírito que baixou nele, num dia de angústia, fome e cansaço. Aliás, depois de lido, realmente houve várias tentativas de assumir a autoria do mesmo. O Luka, como sempre, levou sua poesia e sua câmera para garantir que tudo ficasse muito bem registrado
Ainda teve mais, a chegada do Evandro Navarro, que levado por um amigo, foi conhecer o Akira Yamasaki pessoalmente.
Tudo isso sob a batuta do talentoso Gilberto Braz, que foi o mediador da roda e nos levou uma belezura de poema concreto e interativo.


Rosinha Morais