segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Rascunhando...

Edvaldo rosa, lírico performático
Plinio Camillo, prosa contemporânea
  
Plínio e Marília, autógrafos, de letra a letra.
   Ir no sarau da Casa Amarela é um evento. A gente meio que se prepara e fica de prontidão, esperando o domingo chegar. E quando o domingo chega, nossa!, parece que estamos nos preparando para ir à missa.
Neste domingo, decretado solenemente pelas hordas devotas do capital como "dia dos pais" – como se os outros não o fossem – a Casa Amarela, dentro de seu já reconhecido e temerário cronograma de eventos em datas improváveis, decretou que o domingo não seria normal, seria de sarau. E foi.
   Tendo como convidado especial o poeta Edvaldo Rosa e também contando com o lançamento dos livros "Coração Peludo", de Plínio Camillo, e a sugestiva obra "Esperando as Bárbaras", da poeta e jornalista curitibana Marília Kubota, o sarau foi também ele um brinde aos pais. Sim, pois não escapamos, por mais que queiramos, da influência da festividade que há na data. 
   Para tanto, o poeta Akira Yamasaki, organizador da farra poética, iniciou a festa recitando um poema, Tsutae, em homenagem ao pai já partido para outros planos. Após essa introdução devota e solene, Sílvio Kono (violão), Beto Rio (voz) e Éder Lima (flauta), subiram ao palco deram três certeiros tiros poético-musicais. Estava iniciado o culto à deusa Poesia. Akira chamou então Rosinha Morais para declamar um poema e fazer sua oferta pagã.
   A tarde avançava devagar sobre o céu de São Miguel. A bucólica rua da Casa Amarela só nos ofertava um tranquilo desassossego quando o bulício das crianças, brincando do lado de fora - outra situação improvável na maioria das ruas paulistanas - surpreendia nossa atenção por algum grito mais exaltado. Noves fora, o domingo estava uma "diliça". E aí vem o MC (mestre de cerimônias) Akira e bota no tablado diminuto da CA o tímido Plínio Camillo, primeiro convidado especial do sarau. Lançando seu novo livro, a prosa contundente de "Coração Peludo", Plínio, solícito e de sorriso fácil, ainda assim não se fez de rogado. Defendeu suas obras, contou histórias, leu dois hilários textos curtos (num deles, um textículo do sarcástico "O Namorado do Papai Ronca", onde pediu o apoio da poeta Janete Braga nos diálogos). Saiu ovacionado. 
   Aí veio o poeta, jornalista, embaixador e (descobrimos ontem), preparador de cafés , João Caetano do Nascimento nos apresentar a poesia que é uma pintura da Marília Kubota. De sorriso mais fácil e ainda mais tímida que Plínio, Marília, trouxe a reboque seu livro de poesias "Esperando as Bárbaras". respondendo tudo de maneira curta e certeira, esquivava-se o quanto podia das perguntas que fazíamos. E nós ali, mordazes, sádicos, curiosos, emendávamos uma pergunta à outra, para que ela continuasse a responder e declamar, o que fez, em ambas as situações, com absoluta destreza. E nós, auspiciados, fruindo a beleza da hora. Para usar um clichê baratinho, padrão lojinha de 1,99, o palco ficou pequeno pra tanta poesia de qualidade. 
   E então tome-lhe Janete Braga, Guilherme Maurelli, Laudo Yokoyama, Edvaldo Rosa (poeta peculiaríssimo, trazendo textos com roupagens desdobradas a partir da século 19), Gilberto Braz, Euflávio Madeirart (que está com uma belíssima exposição de esculturas feitas em pau-brasil na CA), Carlos Bacelar, Joaquim Lima, Arnaldo Bispo do Rosário, euzinho da silva, a dupla Ligia Regina e Éder Lima e João Caetano do Nascimento, fechando com chave de ouro um dia dos pais que foi o meu maior e melhor presente que poderia almejar.
   Depois, ah, depois foi só curtir os sorrisos, os abraços, as benevolências dos amigos presentes, da poesia presente, dos presentes dos filhos...
Bacelar, um dos convidados do sarau de setembro

Big Charlie, o poeta empunha sua câmera

Eder Lima, músico, cantor, compositor, educador... e poeta

João Caetano, o embaixador da poesia
A foto oficial do sarau
Texto de Escobar Franelas
Fotos de Lígia Regina

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