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Alessandro Buzo: salve, simpatia! (foto: arquivo S. Kimura/A. Yamasaki) |
- Nossa, você
não trocou de camiseta?
- Víxi,
esqueci!
- E hoje fez o
maior sol, o maior calor!...
Foi este o
primeiro diálogo que travei com a musa assim que a encontrei no metrô Carrão,
agora há pouco.
Passei o
domingo tão tomado pelo Sarau da Casa Amarela, acontecido há poucas horas
atrás, que acabei esquecendo de fazer coisas básicas, almoçar, por exemplo. Ah,
e também de trocar a camiseta que coloquei cedo e acabou ficando no corpo até
agora. Quando a deixei no metrô Itaquera por volta das 11 da manhã para ir ao
trabalho, ela me recomendou “troca essa camiseta antes de ir para a Casa
Amarela”, e eu prometi – juro! – sem fazer figa. Mas o esquecimento é a arma
que usei como desculpa, pois apenas voltei pra casa, imprimi algumas coisas,
dei um beijo em meu filho e... zás!, sartei
de banda para a CA. A camiseta que iria usar no evento ficou estendida
sobre a cama.
Então, salvo o
“Pô, assim você me envergonha”, que ela soltou assim que entrou no carro, acho
que tô perdoado. Acho...
Tudo tem
explicação. O Sarau da Casa Amarela, coordenado por Akira Yamasaki, teve como
atração do mês de agosto o escritor, apresentador e cineasta Alessandro Buzo.
Autor de mais de 10 livros, entre próprios e coletâneas, criador da livraria
Suburbano Convicto (especializada em escritores e cantores à margem da grande
mídia) e do sarau homônimo (que agora tem filial,
na Uninove), editor do Boletim do Kaos, periódico dedicado à cultura hip-hop e
seus desdobramentos, diretor do filme e autor do livro Profissão MC, que tem
como protagonista o rapper Criolo, Buzo é incansável. Inspirado. Articulado. Dedicado.
Tudo isso pode
ser comprovado hoje, in loco, durante
a hora em que contou passagens hilárias, emocionantes e providenciais sobre uma
história que tinha tudo para ser mais uma de alguém que só teria a reclamar. Mas
ele resolveu protagonizar suas ações e tornou-se sujeito de sua história. Lembrou
o abandono do pai aos dez anos mas, faz treze que descobriu o prazer ser um pai
presente, na vida de seu filho. Tinha uma história nas mãos, a experiência de
tomar trem lotado todos os dias. Transformou-a em um livro que retrata a
realidade que vivera até ali. E que o levou para outros livros, outras histórias
e outras conquistas. Depois, correu para os autógrafos, que não foram poucos.
Depois que o
microfone voltou para o mestre de cerimônias, sucederam-no os poetas Gilberto
Braz, o pequeno Gabriel Henrique (neto dos onipresentes Éder Lima e Lígia
Regina), o grupo Armamentes (Binho na voz e Everton no violão), de São Mateus; Cida
Sarraf, vinda da Vila Maria;Yuri Cortez (que depois fechou a festa com um
concerto em viola caipira, “Sinfonia do Nego”, em homenagem ao pai), saído de
centro de Sampa; Éder Lima e Lígia Regina, de Gaurulhos; João Caetano do
Nascimento, Rafael Carnevalli e este escriba.
Sob a batuta
segura de Akira, a produção sem reparos de Big Charlie, Sueli Kimura, Célia
Yamasaki e Carlos Scalla, o apoio de Manogon e mais a participação atenta do público
presente, a 16ª edição do Sarau da CA foi mais um gol de placa. Pontos para
todos. Pois como disse Buzo no início de sua apresentação, “conquistei minhas
coisas na humildade e com muita sinceridade, só poderia dar certo”. Deu certo,
para todos nós. E se ele contou histórias, riu, declamou, distribuiu fatos e ofertou
sua experiência, quem entendeu o recado, saiu do sarau com a certeza de que é
possível fazer mais se reclamarmos menos. Eu, no caso.
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A "foto oficial" do Sarau da CA (foto Célia Yamasaki) |
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Rafael Carnevalli, poesia e performance (foto: arquivo pessoal A.Yamasaki/S.Kimura) |
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Público do 16º Sarau da CA (foto: arquivo S.Kimura/A.Yamasaki |
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João Caetano do Nascimento, poesia lúcida e transbordante (foto Célia Yamasaki) |
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Artementes: de S. Mateus para S. Miguel (foto: arquivo S.Kimura/A.Yamasaki) |
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Público atento (foto: arquivo pessoal A. Yamasaki/S. Kimura) |
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Histórias buzianas (foto Célia Yamasaki) |
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Eder Lima e Lígia Regina: multitalentos (foto Célia Yamasaki) | |
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Yuri Cortez: avis rara (foto Célia Yamasaki) |
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Buzo autografando (foto: arquivo S.Kimura/A.Yamasaki) |
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Inês, Lígia e Buzo: pausa e pose pras fotos (foto: arquivo S.Kimura/A.Yamasaki) |
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