Vivendo
em tempos de poesias de protesto, de slams e de uma literatura contemporânea, onde encontramos
vários livros para lá de excelentes, vem às nossas mãos algo “novo”, mas que rebusca o antigo, o clássico e o romântico.
capa de "Um segredo na letra H" |
O livro
“Um segredo na letra H”, de Mário Neves, resgata o melhor do romantismo brasileiro,
como há muito tempo não se via. Como há muito tempo não se escrevia. Uma
história bem construída, com personagens bem típicos ao estilo literário já
dito.
É
com destreza que o autor nos conta uma história adocicada, onde encontramos
amores eternos, ciúmes, vinganças e superação.
(Talvez alguém diga que isso é clichê,
mas acredito que toda narrativa necessita de clichês para que sejam enquadrados
em um determinado tipo de história. O que seria dos romances, sem um amor a se
contar? O que seria de um livro de terror, se não tiver um “monstro” para dar a
tensão necessária? O que seria de Stephen King, sem o estado americano do Maine
para situar seus livros? O que seria de Garcia Marquez sem Maputo?)
Pois
bem, não vamos contar a história, mas sim falar de algumas nuances do livro.
Mário
Neves consegue nos situar na cidade de Pedregulho, palco central do livro, de
forma a desejarmos conhecer a cidade fictícia; seus personagens são bem
definidos e suas histórias de vida (anteriores ao livro) estão claras; o contexto
histórico nos leva à década de 1960 e desde o início da leitura nos vemos
naquela época.
O livro
não traz descrições físicas dos personagens, pois pouco importa ao que o autor
nos conta. Portanto, se Horácio, personagem central, é alto, baixo, loiro,
moreno, não faz diferença. Dá-se ao leitor a possibilidade de ver os
personagens da forma que sua imaginação permitir.
Os
pequenos detalhes, subentendidos pelo leitor, fazem com que o desenrolar da
história seja atraente, de modo a querermos descobrir o que acontecerá nas
páginas seguintes.
(Confesso que, por diversas vezes, em vez
de diagramar o livro, me pegava lendo.)
Mário Neves - foto: Luka Magalhães |
Um
dos pontos que chama a atenção ao ler o
livro, é o resgate do romantismo, como já mencionei. De fato, se não conhecêssemos
o autor, “Um segredo na letra H” nos daria a impressão de que fora escrito por
algum romancista da antigas, um amigo pessoal de Machado de Assis, de José
Alencar, ou de qualquer outro daquela época. Mas é de um escritor que, apesar
dos mais de setenta anos, é novo, comparado aos clássicos. Temos sim um livro
que nos dá um sabor de “Senhora”, “Lucíola”, “Cabocla”, “Iracema” e tantos
outros clássicos da literatura brasileira.
Ousaria
dizer que Mário Neves tem o coração dos escritores românticos. Algo que pouco
se vê nos dias de hoje.
Vale
muito a pena ler “Um segredo na letra H”!
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