segunda-feira, 4 de julho de 2016

Inéditos & Inacabados - "Herói" (mediação de Luka Magalhães)


Como é praxe no I&I, o encontro do dia 2 de julho de 2016 reservou uma vivência físico-corporal e meditativa conduzida por Sueli Kimura, que serviu como um "esquenta" para o início das atividades. Logo após, o Luka Magalhães deu início à apreciação dos textos  produzidos a partir do tema que ele propôs: herói.


Eis o primeiro, de Eliana Mara:

Um herói de passagem
Herói de tantas lutas, desde os tempos em que se apoderou do fogo e deu início à forja dos artefatos de guerra. Carregou indefinidamente a pedra grande até o topo da montanha. Peregrinou pelos desertos levando mensagens cifradas. Cuidou das feridas dos leprosos. Perdeu-se na guerra. Despiu-se na frente dos bispos e foi cuidar dos passarinhos. Com seu arco e flecha honrou seus antepassados. Vingou a morte de uma mulher violentada. Apagou fogos impossíveis. Morreu dentro de uma bomba em nome de seu deus. Junto com seu bando fez a vingança desejada. E não chorou na véspera de ser enforcado. Salvou a vida do bebê abandonado na lata do lixo. Fez canções de liberdade para o mundo inteiro ouvir. Ficou preso num porão e foi torturado sem delatar seus companheiros. Descobriu a cura da tuberculose. Inventou a lâmpada. Desenhou um grito para sempre. Não atirou na criança destemida. Hoje anda pelas ruas com seu cobertor alado, disfarçado de mortal.

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Aqui, a poética inusitada, instigante e renovadora de Gilberto Braz:




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o haikaicai fulgurante de Sueli Kimura:

"herói"

mesmo sem capa e espada
mesmo sem super poderes
meu herói segue...


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A poeta Rosinha Morais trouxe inquietações e reticências em forma de poesia:

Como está: Talvez eu escreva sobre algo Talvez Talvez eu escreva sobre o talvez Talvez sobre a certeza Talvez eu passe ao presente Talvez eu escreva sobre o passado Sobre aquele desejo tão íntimo Ou, talvez, possa escrever Que talvez no futuro se realize Dessa incerteza que talvez o amor seja Talvez eu fale de amor Talvez eu grite teu nome Num poema que talvez escreva O talvez seja a minha certeza.
Talvez num deslize qualquer

Como é/foi Talvez eu escreva sobre algo Talvez Talvez eu escreva sobre o talvez Talvez sobre a certeza Talvez eu escreva sobre o passado Talvez eu passe ao presente Ou, talvez, possa escrever Sobre aquele desejo tão íntimo Que talvez no futuro se realize Talvez eu fale de amor Dessa incerteza que talvez o amor seja Talvez eu grite teu nome Num poema que talvez escreva Talvez num deslize qualquer O talvez seja a minha certeza

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Já o AJ Oliveira, autointitulado O Bardo, veio a  convite do Daniel Carvalho e logo de cara mostrou que é do métier: http://www.escambau.org/#!O-Pr%C3%ADncipe-Muito-Encantado/cjds/5751eb950cf245cf719eac06


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A sempre surpreendente Enide Santos dessa vez não pode participar, pois estava na FLIP, mas depois mandou-nos o texto que, infelizmente, não pudemos discutir no dia:

Certo herói
Magro, rosto amarelado
cabelo todo desgrenhado
exalando forte odor
mãos e braços fadigados
medos e sonhos estancados
enterrados pela dor
Cicatrizes e feridas abertas
lista de amigos desertas
solidão por acontecer
seria este o fim da historia
de um certo herói sem memória
que o destino tentou esquecer
mas o amor com presteza sabota
e um sonho para o sono importa
a sensação do beijo assim o corda
agora resplandece em sua espada
a bela face de sua amada
guiando-o a cada alvorecer.
Enide Santos 03.07.16

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O link para o texto de Escobar Franelas que, por ser muito grande, está postado originalmente no blogue do autor, vs. eu: http://escobarfranelas.blogspot.com.br/2016/07/conot-5-heroinas.html

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Arte de Luka Magalhães

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