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Arte de Luka Magalhães |
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Foto: Luka Magalhães |
A Casa Amarela - Espaço Cultural, entrou em 2015 sob o ritmo das mudanças. Depois de trocentos problemas na estrutura, arriscamos convidar amigos para que ajudassem a dar um "talento" no local. Foi justamente aí que veio a surpresa bonita disso tudo: tantos, vários, muitos, muitíssimos, se prontificaram a dar uma força, que quando pulamos a linha do tempo em dois meses, pudemos contemplar que aquela máxima que a Sueli sempre afirma, "quem tem amigos não degenera", funciona. Pelo menos no caso da CA, que tem amigos (muito amigos) que não abriram mão de brilhar com a gente.
Esses tais juntaram suas moedas, cérebros, músculos, braços, pernas e olhos e fizeram um mutirão em prol da Casa Amarela. Pronto! O espaço agora tem um banheiro mais decente, cresceu em algumas direções internas, a área de convivência saiu de frente do antigo banheiro e agora tem um reservadinho bacaninha, de frente para a geladeira (hehehehe), e não temos mais aquela sensação de estarmos dentro de um caldeirão nos dias de calor, parece que o ar está circulando melhor.
E ontem, 22 de fevereiro, o primeiro sarau de 2015 celebrou essa arte maior: a amizade. Para iluminar a festa com decência, foram chamados dois convidados especialíssimos: Lucas Afonso, que veio com sua banda Visões de Severino (Robson Heloyn, guitarra; Nicolas Carneiro, baixo; Beto Nascimento, bateria), para lançar seu EP "À Margem". Também a poeta e produtora cultural Débora Garcia compareceu lançando seu belíssimo trabalho "Coroações", um libelo poético em busca da ancestralidade e da liberdade através da poesia. Em ambas as apresentações, o público teve acesso a um atacadão de pílulas poético-musicais da melhor variedade. Lucas trazendo o casamento contemporâneo da poeticidade urbana e a musicalidade metropolitana. Já Débora desfilou a fina flor de uma poesia que busca o atalho entre a ancestralidade e a atualidade, sem perder o foco da procura pela beleza da liberdade. Axé!
Mas o sarau - como sempre - teve muito, muito mais, mas muito mais mesmo: e tome-lhe Akira, um autêntico mestre de cerimônias sem cerimônias, trazendo, uma a uma, as atrações que desfilavam por dentro da Casa: Santiago Dias, poeta acima de qualquer suspeita; este escriba que vos escreve, o carismático Arnaldo Afonso, a esfuziante Cida Sarraf, Xavier enfim falando meia dúzia de palavras no palco, Tiveron com a maestria de sempre, Lígia e Éder (Lígia retornando de uma dengosa dengue, mas já retomando um espaço que sabe ocupar como poucas, o palco, e o Éder... bem, para falar do Éder,qualquer adjetivo elogioso é reducionista), Gouveia de Hélias (uma gratíssima surpresa em S. Miguel), Antonio Miotto (atento, curiosos, antenado, recortando mais de 40 km de Sampa com sua bike, só para estar nos saraus de S. Miguel desse domingo), Sandra Frietha (a dama da poesia do Itaim), seu José Pessoa (infatigável), Mário Neves e suas performances certeiras, Luka Magalhães e seu dom de convencer através da arte, Tião Baia (talvez um dos poucos caras que conseguem cantar e sorrir ao mesmo tempo, sem desafinar), Milton Luna (uma entidade feicibuquiana que todos julgavam que não existia), Wagninho - o Nervosinho - Barbosa, debutanto no palco da Casa, o elegantérrimo Carlos Bacelar, o catártico Euflávio Madeirart, Henrique Vale (outra grata surpresa poética desse domingo), Ivanildo Lima (o "homem-sorriso" de São Miguel), a simpatia em pessoa, Rosinha Morais, trazendo o rebento Joel Morais Filho para "ser inaugurado" no palco, o talento nato de Gilberto Braz, o vulcânico Ceciro Cordeiro, Vlado Lima com seus causos sobre as mais de duzentas ...cetinhas e Sacha Arcanjo, que finalizou o espetáculo, depois de quatros horas de sarau, com a beleza e o encanto de sua música contagiante.
Quase onze da noite, chegamos eu, Raquel e João em casa, e ainda não conseguimos dimensionar o que aconteceu. Aliás, sabemos. O que de fato não consigo, é escrever sobre esse efeito químico. Só depois de quase 24 horas é que enfim domo o coração e assim escrevo essas rudes e imprecisas linhas.
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Débora Garcia apresentada por Akira Yamasaki (foto Antonio Miotto) |
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Débora e sua obra "Coroações" (foto Antonio Miotto) |
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Casa cheia (foto Akira Yamasaki) |
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Lucas Afonso não deixe som sobre som (foto Antonio Miotto)
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texto: Escobar Franelas
fotos: Akira Yamasaki / Antonio Miotto