Valter de Almeida Costa e Érico Alves de Oliveira, adicionando vivências e saberes (foto Akira Yamasaki) |
A idéia motriz do Blablablá é a reflexão sobre a produção artística e cultural e suas interações com a sociedade, mesmo que este diálogo pulse fora dos grandes centros midiáticos, ou, como querem alguns, mesmo que sejamos formadores de opiniões dentro deum círculomais restrito. Ainda que o calabouço social esteja controverso, convém não perder a serenidade. Não é possível saltar do trem da história, mesmo que sob uma nevasca intensa numa cordilheira abrupta. Por isso mesmo, o Blablablá se propôs a aprofundar ainda mais a analisar os conturbados dias atuais, sob a égide da arte e da educação. Pois, como sugere Jorge Coli, “É possível dizer, então, que artesão certas manifestações da atividade humana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é, nossa cultura possui uma noção que denomina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia”. (Jorge Coli, em “O que é arte”, Ed. Brasiliense, p. 8)
Foi com esse intuito que a Casa Amarela – Espaço Cultural, programou a primeira roda de conversa deste ano, dentro da programação de abertura da mostra DIÁLOGO com os artistas iniciantes Rosana Guimarães e Pedro Silva Galvão. Nada mais sintomático que discutir arte num dia de abertura de uma exposição.
Tendo como convidados o artista plástico Érico Alves de Oliveira e o professor Valter de Almeida Costa, o evento durou exatas três horas e meia após a abertura da mostra. Na conversa, mediada por este escriba, foram abordadas questões como a contribuição da arte e da educação no contexto brasileiro atual, a educação fora da sala de aula como elemento mediador entre as relações sociais e a arte como prática política, além de outras abordagens.
O professor Valter recordou sua militância política e social, defendendo enfaticamente o seu protagonismo enquanto educador. “Sou essencialmente um professor”, asseverou ele em dado momento, complementado a seguir, “e comunista”. No desenvolvimento de suas idéias, Valter lembrou que sua relação com a arte vem da apreciação, sem os rigores eruditos de uma formação específica. Ele, porém, entende que a alteridade humana pode ser alcançada justamente na compreensão de todos quanto ao papel social, sendo que a arte pode contribuir nesse entendimento. Não por acaso, defendeu o seu prazer e seu gosto pela arte engajada.
Érico, por sua vez, creditou à arte um papel substancial na motivação humana, sem, contudo, atribuir à mesma um papel preponderante para a solução de conflitos humanos. “A arte e a educação não podem ser reféns da escola”, inferiu, propondo que se lance um olhar mais dedicado às atividades que transitam no universo da arte e da educação que estão fora dos muros da escola ou da academia. Segundo seu parecer, parece que esse relacionamento estão logrando êxito maior.
O público presente também contribuiu decisivamente para a qualidade do debate. Vários convidados da platéia, como Amaury Rodrigues (Sarau da Galeria, Suzano, SP), a professora Angelina (visitando a CA pela primeira vez), Célia Maria Ribeiro, Gilberto Braz, Luka Magalhães, Sueli Kimura, Akira Yamasaki, Mário Neves e Antônio Miotto, entre outros, trouxeram questionamentos que aprofundaram ainda mais a socialização dos saberes e a procura por respostas qualificadas pra obtenção de resultados humanamente melhores.
Exposição DIÁLOGO
A Casa Amarela – Espaço Cultural, abriu neste sábado, 26 de março, a mostra DIÁLOGO, com telas da artista plástica Rosana Guimarães (Interlagos, SP), e caricaturas e cartuns de Pedro Galvão (Santo André, SP). A exposição é o début de ambos no mundo expositivo, e apresenta trabalhos que ressaltam que estão no momento correto, exalando um amadurecimento que é perceptível em cada obra observada.
Rosana trafega com desenvoltura em telas que deixam claro que a artista de 28 anos dialoga profundamente com as cores, em composições que refletem suas imersões no universo feminino e na pesquisa interior, que inclui mandalas, o abstracionismo e também o figurativo. Já Pedro Galvão, 35 anos, revela através de seus traços ágeis e fortuitos, o humor de quem vê as pessoas como sóis, delas expandindo para pequenas arquetipias que provocam o riso através do desconforto da beleza deformada.
Na vernissage, Pedro aproveitou a oportunidade do encontro e caricaturou muitos dos presentes, e ofertou os trabalhos aos interessados em levar sua arte pra casa.
A exposição antecedeu a abertura do quarto do Blábláblá, evento da Casa Amarela que debateu o tema “Arte e educação nos dias de hoje”. Os convidados – mediados por Escobar Franelas – eram o artista plástico Érico Alves de Oliveira e o educador Valter de Almeida Costa. A mostra ficará aberta para a visitação pública até o fim do mês de junho.
Foto Luka Magalhães |
Foto Luka Matgalhães |
Foto Luka Magalhães |
Foto Luka Magalhães |
Foto do arquivo do Facebook de Luka Magalhães |
Arte de Lico Cardoso |