domingo, 17 de abril de 2016

Blablablá falou de arte, fez arte, mostrou arte

Valter de Almeida Costa e Érico Alves de Oliveira, adicionando vivências e saberes (foto Akira Yamasaki)

A idéia motriz do Blablablá é a reflexão sobre a produção artística e cultural e suas interações com a sociedade, mesmo que este diálogo pulse fora dos grandes centros midiáticos, ou, como querem alguns, mesmo que sejamos formadores de opiniões dentro deum círculomais restrito.‭ ‬Ainda que o calabouço social esteja controverso,‭ ‬convém não perder a serenidade.‭ ‬Não é possível saltar do trem da história,‭ ‬mesmo que sob uma nevasca intensa numa cordilheira abrupta.‭ ‬Por isso mesmo,‭ ‬o Blablablá se propôs a aprofundar ainda mais a analisar os conturbados dias atuais,‭ ‬sob a égide da arte e da educação. Pois, como sugere Jorge Coli, “É possível dizer, então, que artesão certas manifestações da atividade humana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é, nossa cultura possui uma noção que denomina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia”. (Jorge Coli, em “O que é arte”, Ed. Brasiliense, p. 8)
Foi com esse intuito que a Casa Amarela‭ – ‬Espaço Cultural,‭ ‬programou a primeira roda de conversa deste ano,‭ ‬dentro da programação de abertura da mostra DIÁLOGO com os artistas iniciantes Rosana Guimarães e Pedro Silva Galvão.‭ ‬Nada mais sintomático que discutir arte num dia de abertura de uma exposição.
Tendo como convidados o artista plástico Érico Alves de Oliveira e o professor Valter de Almeida Costa,‭ ‬o evento durou exatas três horas e meia após a abertura da mostra.‭ ‬Na conversa,‭ ‬mediada por este escriba,‭ ‬foram abordadas questões como a contribuição da arte e da educação no contexto brasileiro atual,‭ ‬a educação fora da sala de aula como elemento mediador entre as relações sociais e a arte como prática política,‭ ‬além de outras abordagens.‭
O professor Valter recordou sua militância política e social,‭ ‬defendendo enfaticamente o seu protagonismo enquanto educador.‭ “‬Sou essencialmente um professor‭”‬,‭ ‬asseverou ele em dado momento,‭ ‬complementado a seguir,‭ “‬e comunista‭”‬.‭ ‬No desenvolvimento de suas idéias,‭ ‬Valter lembrou que sua relação com a arte vem da apreciação,‭ ‬sem os rigores eruditos de uma formação específica.‭ ‬Ele,‭ ‬porém,‭ ‬entende que a alteridade humana pode ser alcançada justamente na compreensão de todos quanto ao papel social,‭ ‬sendo que a arte pode contribuir nesse entendimento.‭ ‬Não por acaso,‭ ‬defendeu o seu prazer e seu gosto pela arte engajada.
Érico,‭ ‬por sua vez,‭ ‬creditou à arte um papel substancial na motivação humana,‭ ‬sem,‭ ‬contudo,‭ ‬atribuir à mesma um papel preponderante para a solução de conflitos humanos. “A arte e a educação não podem ser reféns da escola”, inferiu, propondo que se lance um olhar mais dedicado às atividades que transitam no universo da arte e da educação que estão fora dos muros da escola ou da academia. Segundo seu parecer, parece que esse relacionamento estão logrando êxito maior.
O público presente também contribuiu decisivamente para a qualidade do debate.‭ ‬Vários convidados da platéia,‭ ‬como Amaury Rodrigues‭ (‬Sarau da Galeria,‭ ‬Suzano,‭ ‬SP‭)‬,‭ ‬a professora Angelina (visitando a CA pela primeira vez),‭ Célia Maria Ribeiro,‬ Gilberto Braz,‭ ‬Luka Magalhães,‭ ‬Sueli Kimura,‭ ‬Akira Yamasaki,‭ ‬Mário Neves e Antônio Miotto,‭ ‬entre outros,‭ ‬trouxeram questionamentos que aprofundaram ainda mais a socialização dos saberes e a procura por respostas qualificadas pra obtenção de resultados humanamente melhores.

Exposição DIÁLOGO
A Casa Amarela‭ – ‬Espaço Cultural,‭ ‬abriu neste sábado,‭ ‬26‭ ‬de março,‭ ‬a mostra DIÁLOGO,‭ ‬com telas da artista plástica Rosana Guimarães‭ (‬Interlagos,‭ ‬SP‭)‬,‭ ‬e caricaturas e cartuns de Pedro Galvão‭ (‬Santo André,‭ ‬SP‭)‬.‭ ‬A exposição é o début de ambos no mundo expositivo,‭ ‬e apresenta trabalhos que ressaltam que estão no momento correto,‭ ‬exalando um amadurecimento que é perceptível em cada obra observada.‭
Rosana trafega com desenvoltura em telas que deixam claro que a artista de‭ ‬28‭ ‬anos dialoga profundamente com as cores,‭ ‬em composições que refletem suas imersões no universo feminino e na pesquisa interior,‭ ‬que inclui mandalas,‭ ‬o abstracionismo e também o figurativo.‭ ‬Já Pedro Galvão,‭ ‬35‭ ‬anos,‭ ‬revela através de seus traços ágeis e fortuitos,‭ ‬o humor de quem vê as pessoas como sóis,‭ ‬delas expandindo para pequenas arquetipias que provocam o riso através do desconforto da beleza deformada.
Na vernissage,‭ ‬Pedro aproveitou a oportunidade do encontro e caricaturou muitos dos presentes,‭ ‬e ofertou os trabalhos aos interessados em levar sua arte pra casa.‭
A exposição antecedeu a abertura do quarto do Blábláblá,‭ ‬evento da Casa Amarela que debateu o tema‭ “‬Arte e educação nos dias de hoje‭”‬.‭ ‬Os convidados‭ – ‬mediados por Escobar Franelas‭ – ‬eram o artista plástico Érico Alves de Oliveira e o educador Valter de Almeida Costa.‭ ‬A mostra ficará aberta para a visitação pública até o fim do mês de junho.‭

Foto Luka Magalhães

Foto Luka Matgalhães

Foto Luka Magalhães

Foto Luka Magalhães

Foto do arquivo do Facebook de Luka Magalhães

Arte de Lico Cardoso

quarta-feira, 13 de abril de 2016

ALEGRIA, ALEGRIA! EIS O 43º SARAU DA CASA AMARELA

(por Luka Magalhães)


Foto Joel Dias Filho


          Sem lenço e sem documento? Talvez sim, Mas sempre repleto de arte e muita amizade.
         A cada sarau que começa, a Casa Amarela se enriquece com as presenças constantes e com as novas surpresas. E mais uma vez isso se torna uma verdade incontestável, uma realidade da qual desejamos sempre participar, seja como artista apresentando sua obra, seja como mero espectador.
        Chegar à Casa Amarela é sempre uma alegria. Lá podemos abraçar os velhos “novos amigos”, ou conhecer os novos “amigos de longa data”. O fato é que, quem lá se achegar sempre é bem vindo, ou melhor, “bentevindo” como diria nosso querido Akira Yamasaki, japonês arretado, de Oswaldo Cruz, de Mogi, de São Miguel, de Itaim Bem-te-vi. E se for para falar de arte em São Miguel Paulista e regiões, que vão do Oiapoque (RS) ao Monte Cuburaí (RR), sem dúvida a maior concentração ocorre no sarau da Casa Amarela, como sempre há de se esperar.

Ceciro Cordeiro ( foto: Artur Coutinho)

          E o nosso 43º Sarau, não foi diferente em força, arte e alegria. Com uma plateia atenta, Ceciro Cordeiro mostrou sua força, com a musicalidade de suas composições para o novo trabalho “Jardim das Oliveiras”. Depois nos surge Daniel Carvalho, apresentando “Versos & Controversos”, um livro, resultado de um projeto premiado com alunos da Escola Municipal Aurélio Arroubas Martins, em frente ao Parque do Carmo, fomos prestigiados com a poética criada e declamada no evento por algumas alunas que fazem parte do livro. Depois o poeta Hugo paz deixou seu recado, lançando seu livro “Retratos de um Cotidiano Adormecido”. Esses foram nossos convidados especiais, mas o sarau não foi feito somente por eles.
Daniel Carvalho e as alunas da EMEF Aurélio Arroubas Martins (foto: Luka Magalhaes)
Hugo Paz (foto: Guilvan Miragaya)

          Entre um convidado e outro, tivemos mais artistas cantando, declamando e enriquecendo o currículo da Casa Amarela. Subiram ao palco: Mário Neves, Euflávio Gois, Escobar Franelas Oswaldo Tiveron, João Caetano, Rosinha Moraes, Marilandia Gurgel, Enide santos, Guilvan Miragaya, Inês Santos, Cláudio Gomes, Silvia Maria Ribeiro, Darc Maia, Tião e Selma Baia, Silvio Kono, Beto Rio,  Eder lima e Lígia Regina, Carlos Bacelar, Punky Além da Lenda e seu filho Artur Coutinho,  Pérola Negra e Ronaldo Ferro. A festa foi encerrada ao som do incomparável Edivaldo Santana. E como dizem “a primeira vez ninguém esquece”, dos presentes, a debutante no Sarau foi a poetisa Camila Barbosa, que a convite da nossa Enide Santos, compareceu e deixou seu recado.

Camila Barbosa (foto: Luka Magalhães)
 
          Nos bastidores, dando suporte aos presentes, as sempre atenciosas Sueli Kimura e Rosinha Moraes.
         Com mais de quatro horas de evento e sob a condução de Akira, coadjuvado por Luka Magalhães, não podemos deixar de mencionar o quão grandioso foi o 43º Sarau. Ali encontramos poesias e músicas de uma qualidade indizível. São tantos artistas e escritores de qualidade, que só podemos gritar “Sou seu fã!” para cada um que subia ao palco.
         Resta-me dizer então:
         “Casa Amarela, sou seu fã!”